Ao analisar material de divulgação, roteiro e até mesmo os atores elencados para o longa-metragem, torna-se quase impossível não colher semelhanças entre Para Sempre (The Vow, EUA, 2012) e qualquer filme adaptado das páginas do romancista norte-americano Nicholas Sparks.
Há alguns anos, à época de Diário de Uma Paixão (2004), a comparação poderia ser vista como um entusiasmado elogio, mas valendo-se das posteriores transposições, como Noites de Tormenta, A Última Música e mais recentemente Um Homem de Sorte, a história é outra.
Inspirado na vida do casal Kim and Krickitt Carpenter, a fita narra a história de amor de Paige (Rachel McAdams, de Sherlock Holmes) e Leo (Channing Tatum, do ótimo Anjos da Lei), dois jovens que levavam uma vida alternativa, sem grandes luxos, mas repleta de amor na congelante Chicago.
Após um jantar romântico e juras de amor eterno, o casal se envolve num acidente de carro, que resulta na perda de memória recente de Paige. Suas lembranças se resumem à família que ela deixou pra trás, suas colegas de colégio e o noivado amarrado com Jeremy (Scott Speedman, de Anjos da Noite), seu namorado almofadinha dos tempos de escola.
Sem um elo aparente com o marido, a garota recorre aos pais (papéis de Jessica Lange e Sam Neill) e sua antiga vida, enquanto Leo tenta de todas as formas reconquistar a confiança e principalmente o amor de Paige.
Apesar da boa química entre McAdams e Tatum, uma premissa ao menos interessante, e outros aspectos regulares, como figurino, trilha sonora e belas locações, o segundo longa-metragem do diretor Michael Sucsy – vencedor do Emmy e Globo de Ouro por Grey Gardens – acaba pecando pela cafonice e lentidão no desenvolvimento do roteiro.
O esforço de Rachel McAdams para interpretar Paige não se torna suficiente para que a personagem não aparente ser abobalhada e mesquinha – afinal de contas, na maior parte do tempo ela se importa apenas em recobrar a memória, ou viver sua antiga vida, sem tomar por base a ajuda de Leo, personagem que se assemelha ao que Tatum interpretou em Querido John, ou seja, nada muito arriscado.
Aliás, arriscado é um adjetivo que de fato não aplica a Para Sempre, que muito provavelmente agradará o público feminino, sem provocar revolta no masculino. É sim repleto de clichês e sensação de déjà vu, que pode ser aproveitado numa sessão de cinema a dois.
Escrito por André Barros